15/12/2008

Nicolau Cara de Pau


Nicolau, jovem rapaz, errante nas terras da sua terra de Uma Pequena Aldeia. Na verdade, apenas mera terrinha, para os Grandes, mas para Nicolau, tal terra era grande e tudo para ele, porquanto nada mais conhecia nem nada mais sabia… literalmente, pois pela sua cabeça, por entre os seus sete neurónios e meio, onde um era anão, e outro um burro de carga, passavam apenas dois caracóis cantantes e de vez em quando uma carroça conduzida por um ferreiro que vinha para tentar arranjar o neurónio que era só metade, ou por vezes quando se esforçava para ouvir e os seus ouvidos abriam, fortes correntes de ar passavam e assolavam tudo na sua cabeça, impedindo assim que os seu, dito “cérebro” fosse capaz de se compor e formalizar pensamentos ou mesmo certas acções. Por isto, Nicolau era incapaz de formar qualquer expressão facial.
Assim Nicolau passeava as ruas da sua terra, sempre usando a mesma cara. Nem pele nem pelo se movia, e até mesmo pouco se movia a sua língua enquanto “tentava” falar, e falar não era o seu forte, devo dizer… ah, ainda me lembro das suas longas de demoradas palavras, procurando criar uma só frase que fosse: “hhheeeeeeeuuuuh uhhh duuuhhhh”, ai a memória que me lembra agora!
Assim lhe foi atribuído o nome de Nicolau Cara de Pau. Na sua cara pálida, fina e esguia, destacava-se sem margem para duvida, o seu olhar que lembrava um bode, e por vezes fazia mesmo lembrar dois bodes, cujo um dos dois com cio! Fixava as pessoas com o seu destorcido olhar, e não descolava até que por elas passasse, até porque acho que o seu pescoço não virava, tão firme que era! Ninguém sabia se Nicolau Cara de Pau tinha, para além das suas robustas patilhas, mais cabelo, porquanto o qual era um mistério na população da sua terrinha, nunca ninguém lhe tinha visto sequer o topo da sua cabeça, que era escondida por um pequeno chapéu.
O médico parteiro que o fizera vir a este mundo, passava agora grande parte da sua vida num hospital psiquiátrico, não como doutor mas como doente. Lá vivia desde pouco depois de Nicolau Cara de Pau ter nascido. Alegava que a “criança” nascera já com o chapéu! Havia muitos mitos que diziam que Nicolau Cara de Pau não tinha escalpe e a única coisa que lhe fazia conservar os seus sete neurónios e meio onde um era anão, e outro um burro de carga, saíssem disparados cá para fora, como pipocas assadas numa pequena caçarola. Havia também quem acreditava que se por acaso esses neurónios saíssem ao mundo e se misturassem com as suas bactérias, poderiam evoluir a uma espécie mortífera que destruiria o mundo, por esta razão ninguém nunca lhe tentara tirar seu pequeno chapéu!
Enfim, ainda assim Nicolau Cara de Pau vivia feliz, na sua terra, atormentando os seus compadres e comadres com o seu fixo e tenebroso olhar.
E é esta a história de Nicolau Cara de Pau!

Os acontecimentos desta história são baseados em factos reais e vistos pelos próprios olhos do narrador (cerca de 57% desta história são ficção)!


Sr Rodriglomeu

22/Ago2008 0:07

Sem comentários: