11/01/2009

Senhor Lixeiro


Quem é esse senhor a quem chamam de lixeiro? Quem é esse homem de fácil repugnância quem de fora vem? Quem é ele, ser desprezado pela sociedade que o envolve?
Muitos dizem que ninguém ele é, outros dizem que alguém sem qualquer importância, poucos ainda, dizem que o lixeiro é causa de desordem e agonia a toda a raça dos narizes sensíveis. Porém, eu, digo algo mais, e a favor de todo o senhor lixeiro, digo que tal presença, tal ser, é razão de grande felicidade e alegria.
Se não, vejamos! O senhor lixeiro é o mordomo do mundo, o verdadeiro herói, o Cavaleiro da nova Era, esta nova geração. É ele que se arrisca pelo mundo do lixo, gastando a sua vida e saúde em nome da limpeza do lixo de cada rico na sua própria degradação.
Este herói, novo cavaleiro, empunha uma forte e espigada vassoura como arma de combate, da sua armadura veste cotas de borracha, largo o macacão pendurado pelos ombros, luvas resistentes a muito e algo mais, e, ainda por vezes um chapéu de pala larga e comprida, e o seu corcel, o mais forte, o mais rápido, o mais duradouro, e resistente de todos os corcéis, proveniente das famílias de longa linhagem de mustangues garanhões, e eram chamados de camiões; ao idioma destes bravos cavaleiros, chamavam de “calão”.
E assim como todo o herói, todo o senhor do lixo tem uma forte hoste de guerreiros inimigos, espalhados por todo o reino, e sem descanso, estes novos cavaleiros percorrem as ruas e em honra da glória da limpeza do mundo, sujam as suas mãos aquando as lutas travadas contra os seus ferozes inimigos, os quais são chamados de contentores, caixotes, e entre outros, e eram de uma fisiologia muito regular, mas eram vazios, ocos e sem nada para oferecer, portanto, da sua tristeza e vastidão de vazio no seu próprio vácuo, nasceu-lhes um ódio que os consumia e os levou a encherem-se de todo o lixo e porcaria que conseguiam devorar.
Foi deste acto de auto-ódio melancólico e rancor que foi criada a grande liga de todos os senhores lixeiros, os quais devotaram as suas vidas à procura e exterminação de todo o lixo existente no grande reino, o qual chamamos mundo, e prometendo assim enterrá-los no cemitério que lhes foi apropriado, e a tal lhe chamavam de lixeira.
Pois então, pelos factos que vos apresento, faço breve mas forte apelo a todos os que outrora desdenharam de todo o senhor lixeiro: façam-nos honrosos pela boa obra que cumprem, pelas ruas limpas por onde todos nós andamos, pelos caixotes e contentores que todos enchemos e não esvaziamos, pela reciclagem de que usufruímos, pela limpeza do mundo em que vivemos. E se pelo mínimo, por vossa própria vergonha não se juntarem a esta liga que visa conservar o nosso mundo e tornarem-se assim heróis cavaleiros da nova Era, ao menos que respeitem quem o faz, e todo aquele que senhor lixeiro e todo o seu trabalho, ou acabaríamos emersos no lixo de nós mesmos.


Será escusado de dizer que esta história é baseada em factos reais e actuais da sociedade em que vivemos!
Brincar a brincar, vamos ser prestáveis ao mundo em que vivemos e colaborar para a sua preservação!


Sr. Rodriglomeu

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